Riscos à saúde da liraglutida vão de
hipoglicemia e cefaleia a tontura e infecção
do trato respiratório, alertam médicos
Não existe milagre: as medidas se reduzem com adoção de hábitos saudáveis |
Programa saudável de dieta
Programa de exercícios
A “poção” da vez atende pelo nome de liraglutida (cujo nome comercial é Victoza), um medicamento para o tratamento do diabetes tipo 2, que virou objeto de desejo para quem sonha perder quatro, seis, oito, 10 quilos sem fazer força.
Vale esclarecer que a droga usada para o tratamento do diabetes tipo 2 é eficiente. Funciona assim: no paciente diabético, a insulina produzida pelas células do pâncreas não é suficiente ou não age de modo adequado no organismo, provocando o aumento da quantidade de açúcar no sangue.
O remédio, além de auxiliar o controle glicêmico, proporciona outros benefícios combinados como perda de peso, redução na pressão arterial sistólica e melhora da função das células beta, responsáveis por sintetizar e secretar a insulina.
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A liraglutida promove a perda de peso (média de 3 kg ao mês) pelo fato de retardar o esvaziamento gástrico e aumentar a sensação de saciedade após as refeições.
“Liraglutida é um análogo de GLP-1, hormônio natural produzido pelo intestino que colabora para o metabolismo normal da glicose como outros hormônios pancreáticos e gastrointestinais como a insulina, o glucagon, a amilina. O medicamento, indicado na bula para pacientes diabéticos do tipo 2, age no pâncreas estimulando a liberação de insulina apenas quando os níveis de açúcar no sangue estão altos”, explica Marcelo Freire, diretor médico do laboratório Novo Nordisk, que produz o Victoza.
Aplicada uma vez ao dia, por meio de uma caneta de injeção subcutânea, no horário mais conveniente para o paciente, proporciona comodidade ao paciente diabético, estimulando a adesão ao tratamento.
“O que não pode acontecer é a banalização do uso do medicamento. Não faz sentido prescrever a liraglutida com a finalidade de emagrecimento rápido. Vai contra tudo o que sempre pregamos, que é a manutenção da saúde por meio de atividade física regular e alimentação balanceada”, adverte o endocrinologista e médico do esporte Ronaldo Arkader, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
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“Todo tratamento visando perda de peso envolve dieta e exercícios. Trabalhamos a adesão a hábitos saudáveis. Qualquer coisa além disso é acessório. Milagres não existem”, reforça o endocrinologista Ricardo Meirelles, presidente da Comissão de Comunicação Social na Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Os especialistas advertem que todo remédio pode apresentar efeitos colaterais, mesmo para pacientes aos quais ele é indicado. Entre as reações que o liraglutida pode provocar, Arkader cita prisão de ventre, hipoglicemia, cefaleia, tontura, infecção do trato aéreo respiratório (rinite, sinusite), infecção do trato urinário, dor nas costas, dor de estômago e inchaço ou vermelhidão no local da injeção.
Para perda de peso com finalidade estética – aqueles dois ou quatro incômodos quilinhos – a liraglutida é contraindicada. Mas há pesquisas em andamento com pacientes obesos (com IMC acima de 30) e não diabéticos.
“Esses estudos multicêntricos já foram citados pelo Lancet e Internacional Journal of Obesity, porém ainda não existe uma autorização para o uso do medicamento para emagrecimento. Ao final desses trabalhos, vamos avaliar os resultados, analisar os ricos e benefícios, e submetê-los às agências regulatórias do mundo todo”, diz Freire. Fonte: Yara Achôa, IG SP.
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