A noite transcorria calma, e a turma que adorava jogar uma conversa fora, estava reunida no antigo armazém do velho Eustáquio. Caudêncio falava sobre um caso ocorrido na localidade, que havia impressionado aos ouvintes. contava sobre Mathias, um jovem que adorava tomar suas pingas e tinha passado a tarde toda daquele domingo, enfiando a cara na cachaça na birosca do Seu Toninho, chamando até “urubu de gavião”. (Esse negócio de Urubu de meu louro já era coisa do passado).
Um certo momento, deu de cara com o amigo e gozador Juca Tomé. E foi aí, que tudo começou. Armando o maior circo na região.
Disse Juca: - Ihh, cara, acho melhor você ir ali fora, no portão, porque eu vi passar o maior “tatu”. E é grande mesmo. Vai lá? Porque eu não tenho coragem!
O Tatuzinho até que é uma gracinha! E não é que se parece mesmo com um coco? |
Mathias, cambaleante, disse: “É mesmo cara? Sbruchciiii. Cós, cós... (Isso é o que todo mundo que toma umas biritas dizem, mas ninguém até hoje, ninguém conseguiu traduzir para nenhum idioma). Tô indo lá pegar esse bicho, nunca, mas nunquinha mesmo, nenhum tatu escapou de mim, e não vai ser esse o primeiro...
Ao chegar no portão, olhando para um canto viu mesmo um vulto e não pensou duas vezes. Atracou-se com o “bicho”, e foi rolando de um canto a outro, levantando a maior poeirada. “Eitá, troço danado. Você não vai fugir, não adianta essa valentia, vou é jantar você! Alguém traz a faca, traz a faca gente! Peguei, peguei mesmo"! Dizia ele a todos. Uma multidão começou a se formar, todos acudiam ao local onde o Mathias tinha encontrado o “tal bichão”.
- "Esse deve ter uns três ou quatro quilos"! Resmungava Mathias.
Depois de quase duas horas e meia de luta, e a multidão formada em frente ao armazém de Seu Toninho, a turma toda resolveu ajudar o “Bebum” Mathias no meio à poirada.
Alguns que foram acudir Mathias, falavam:
- “Deixa eu ajudar”... Outro dizia: “Não larga! Não larga não, cara!”
- “Deixa eu ajudar”... Outro dizia: “Não larga! Não larga não, cara!”
Abraçado ao que para ele parecia ser um animal, o Mathias conseguiu se levantar todo sujo de lama e poeira, e até mesmo uns arranhões, e disse: “Tá aqui, tá aqui, peguei, eu não disse que esse não ía escapar"?
O vizinho da frete muito encabulado disse: - Mathias meu garoto, isso aí é um coco seco que você está segurando, ou não?
A resposta veio de imediato: - Ué, se não é "tatu bola" e nem "tatu cachorro", só pode ser o tal de “tatu coco”, ou vocês nunca ouviram falar nessa aberração?
Foi nessa hora, que um respeitado perito e bacharel, formado em assuntos de tatu e muito mais bêbado que o rapaz falou:
- Xiiiiii. Esse não é nem tatu bola e nem Tatu cachorro!
Mathias perguntou: "Né não Doutor? Então que tatu é esse"?
Falou o perito: Eu te afirmo, isso aí que você pegou, é mesmo o que você disse, um autêntico "tatu coco" da raça dos malhados, você tá cobertinho de razão.
Mathias pediu então um facão ao seu Toninho para sacrificar a o coitadinho. Ao ferir o coco, se decepcionou, somente a poeira é que saía de dentro dele, pois estava oco e mais velho que essa história. E todos caíram na pinga durante aquela noite que varou a madrugada do dia 1º de abril.
Foi assim que nasceu mais esta história, baseada em fatos verídicos, mas que deixou a todos estupefatos na ocasião...
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